26 de November de 2024

O Jogo dos Desejos | Meg Shaffer

Olá meu povo, como estamos? Hoje eu trago a resenha de ‘O Jogo dos Desejos’, uma de minhas leituras favoritas de 2024.

Foto: Hanna de Paiva | Mundinho da Hanna

Livro: O Jogo dos Desejos

Autoria: Meg Shaffer

Tradução: Guilherme Miranda

Editora: Intrínseca

Ano: 2024

Páginas: 350

País: EUA

Nota: 5/5

Romance de estreia que remete a clássicos como Matilda e A Fantástica Fábrica de Chocolate traz história apaixonante sobre o que significa ser uma família
Lucy Hart sabe bem como é não se sentir amada pelos pais. Durante a infância solitária, os livros eram o seu principal conforto ― em especial, os da série da Ilha Relógio, do recluso escritor best-seller Jack Masterson. Agora, aos vinte e seis anos, ela divide o amor pela leitura com seus alunos, entre eles Christopher Lamb, um garotinho que perdeu os pais de forma trágica. Lucy faria qualquer coisa para adotar o menino, mas, sem a estabilidade e os recursos financeiros necessários, a possibilidade de se tornarem uma família parece um sonho distante.
Quando Lucy está prestes a desistir, Jack Masterson anuncia ― após um misterioso hiato de mais de cinco anos ― que finalmente escreveu um novo livro. E não só: ele promoverá um concurso na verdadeira Ilha Relógio, no nordeste dos Estados Unidos, para decidir quem será o detentor da única cópia ― e Lucy é uma das quatro pessoas sortudas escolhidas para competir.
Ganhar o tão cobiçado manuscrito significaria a realização de todos os desejos de Lucy e Christopher. Mas antes ela terá que lidar com implacáveis colecionadores de livros, oponentes astutos, charadas mais do que complexas e o charmoso (e ranzinza) ilustrador das obras da Ilha Relógio, Hugo Reese, além de reviravoltas que podem mudar completamente o destino de todos.
Uma obra com toques de realismo mágico que prende o leitor desde a primeira página, O jogo dos desejos é a leitura perfeita para todos os amantes de livros. Um romance para pessoas de qualquer idade, com uma mensagem poderosa: as histórias nos formam, nos transformam e nos acompanham por toda a vida.

Lucy Hartt não está em uma fase boa da vida. Sem casa própria, nem um emprego decente, a moça tem seu único momento de esperança quando encontra Christopher, o garotinho que sonha adotar.

Contudo, o sonho parece cada dia mais distante, quando a assistente social afirma que ela seria a última pessoa a quem o Estado confiaria a criação de uma criança. Mas parece que o jogo vai virar quando a moça descobre um concurso envolvendo seu autor favorito da infância e uma penca de charadas.

Vence quem for mais esperto e conhecer toda a série mais aclamada de todos os tempos: As Aventuras da Ilha Relógio. O prêmio é o que pode abrir as portas para Lucy enfim ter o que tanto deseja. Agora resta saber até onde ela será capaz de ir para realizar o seu sonho.

‘O Jogo dos Desejos’ foi a leitura de outubro do Clubinho da Pequena Jornalista. Como eu nunca tinha lido nada da autora até o momento (aliás, acho que esse é até o romance de estreia dela), não sabia bem o que esperar.

A narrativa é fluida e logo encanta o leitor, com uma vibe que lembra bastante histórias icônicas, tais como ‘Matilda’ e ‘A Fábrica de Chocolates’. Eu ainda achei uma certa semelhança com ‘Coração de Tinta’, algo que me deu expectativas e estava esperando uma fantasia bem nesse estilo.

Embora seja em terceira pessoa, tudo gira em torno da protagonista. Lucy é uma moça comum, que vive perrengues da vida adulta, como trabalhar em algo que até gosta (assistente de professora infantil), mas que mal paga suas contas. Não tem casa própria e é obrigada a dividir o teto com mais seis pessoas bem peculiares, o que a faz a última pessoa na fila de adoção de uma criança.

Contudo, isso não a faz desistir de Christopher, um dos alunos da escola em que leciona e que pula de lar em lar temporário, por já ser “velho demais” para pais adotivos se interessarem. A relação entre Lucy e o garotinho é a coisa mais linda desse livro e eu me via sorrindo feito boba toda vez que eles interagiam.

Lucy mostra que ser mãe vai muito além de status, genética ou conta bancária. Ela faz de tudo pelo menino, tentando proteger contra o mundo opressor que quer separá-los a todo custo. Mas a mocinha não desiste e quer tentar todas as possibilidades, nem que seja participar de um concurso que está tomando conta de toda a internet, desde que Jack Masterson, autor da Ilha Relógio, voltou aos holofotes.

A jovem sempre foi fascinada pela série de livros e acho que seria a oportunidade perfeita para reencontrar seu autor favorito. Além disso, o prêmio do concurso é o mais novo volume, ainda inédito no mercado editorial.

“Às vezes, a coisa que mais queremos é aquilo que mais temos medo. O que você mais quer no mundo?”

Apesar de ser uma obra infantil, o mundo inteiro está alvoroçado, afinal se trata de um romance escrito por um dos autores mais bem pagos do mundo e qualquer coisa sua escrita vale milhões de dólares. Especialmente se nunca foi oficialmente publicado.   

Foto: Hanna de Paiva | Mundinho da Hanna

Assim, Lucy encara o desafio rumo à Ilha Relógio (que existe também no mundo real do livro) e tenta ganhar o prêmio, para garantir uma vida tranquila e um lar definitivo para Christopher. Entretanto, esse concurso vai muito além de charadas e provas bobinhas tiradas de histórias infantis. E a jovem vai perceber isso na pele, assim que colocar os pés na ilha e conhecer seus concorrentes.

Eu gostei bastante dessa parte da competição, apesar que seria eliminada logo na primeira fase, pois mal sabia as respostas das charadas mais simples, haha. Ainda, a autora quis manter o clima de conto de fadas e a aura inocente dos livros infantis. Então não espere grandes plots, muito menos reviravoltas aos 45 do segundo tempo.

Tudo se resolve caminhando para um final feliz, como já fica óbvio ao longo dos capítulos. Mas eu gostei bastante da história ter sido desenvolvida com um pé na realidade. Dessa forma, temos dilemas de adultos querendo dinheiro para pagar contas, lidando com seus piores pesadelos, que vão além do Bicho Papão escondido debaixo da cama.

Isso é bem retratado quando conhecemos o elenco secundário, de modo especial os que convivem com Lucy na Ilha Relógio. A começar pelo Jack, que é minha versão do mundo real do Papai Noel.

“De alguma forma, o relógio se tornou uma ilha, um lugar onde crianças assustadas poderiam ir para encontrar coragem.”

Ele pode ser adulto, mas conserva sua alma de criança e, talvez por isso, quer salvar todas as outras crianças do mundo, mesmo as que já estão crescidinhas. Ao compreender a relação que o escritor tinha com cada participante, essa sensação ficou mais latente e eu queria guardar Jack num potinho. 

O mesmo eu posso dizer de Hugo Rees. Ele foi para a Ilha Relógio como ilustrador exclusivo dos livros, mas acabou se tornando muito mais do que um funcionário. A relação entre ele e o escritor acaba se tornando mais que uma amizade. Diria até que seria uma espécie de amor entre pai e filho, o que me deu um quentinho no coração a cada vez que eles interagiam.

Não apenas com Jack, mas Hugo também mantém um bom convívio com Lucy. Talvez por isso não demorei para shippar esses dois com todas as minhas forças. Não apenas eles dois, mas acho que todos os personagens mereciam um final feliz.

“Como fazer adultos enfrentarem seus medos quando ser adulto significa conviver com seus medos todo dia?”

O que acontece, se olhar bem nas entrelinhas. No entanto, mesmo gostando da leitura e mantendo as 5 estrelas, tem coisas que me incomodaram e eu preciso desabafar.

Para começar, eu me senti enganada pela autora, quando ela colocou um prólogo dando a entender que o romance seria uma fantasia, com bastante magia e encantamento. Mas no capítulo seguinte ela parece ter mudado de ideia e manteve o livro todo no mundo real. O que não foi ruim, mas eu senti que estava lendo um livro diferente do que foi prometido nas primeiras páginas.

Além disso, a autora usou personagens adultos para lidar com problemas adultos. Algo muito bom, se tivesse sido mais aprofundado. Diversas cenas mostraram temas pertinentes em relação ao passado de Lucy, Hugo e mesmo o Jack, mas que ficaram só no gostinho de fofoca contada pela metade e não sei como tudo terminou. A autora até deu um fechamento, mas no clima de livros infantis, onde nada se explica, só se estala os dedos e todo mundo volta feliz para casa.

Embora gire em torno de uma série de livros infantis, isso teria sido mais aceito se os protagonistas também fossem crianças. Mas com um elenco adulto e ciente da realidade, não combinou muito bem e fiquei com mais perguntas do que respostas.   

“Mas Hanna, se você reclamou tanto, por que manter a nota 5?” Porque apesar dos pesares, foi uma leitura que me fez refletir bastante sobre ser uma adulta. Deixar o espírito de criança falar mais alto de vez em quando pode resolver vários problemas.

Foto: Hanna de Paiva | Mudinho da Hanna

Além disso, foi uma leitura que me ajudou a sair de uma ressaca literária que estava se instalando, diante de algumas leituras mais densas feitas em sequência. Então, ter uma obra mais levinha e com final feliz garantido ajudou bastante a manter o ritmo de leitura e ter a sensação de quentinho no coração.

“Sempre fique em silêncio quando um coração estiver se partindo.”

Falando sobre o livro e si, li em versão digital, então posso afirmar que a diagramação dele está bem feita, com uma revisão aceitável e fonte legível. A capa não é das mais bonitas, mas é condizente com o tema central do livro, então tá perdoada.

Em resumo, ‘O Jogo dos Desejos’ é um livro conforto, perfeito para sair de uma ressaca literária e acreditar que a humanidade ainda tem salvação. Recomendo a leitura, especialmente se gostar de protagonistas infantis.

Agora me conta: Você já leu ou tem vontade de ler ‘O Jogo dos Desejos?’

Texto revisado por Emerson Silva

Postado por:

Hanna de Paiva

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