7 de junho de 2022

Vestígios | Luciana de Gnone

Olá meu povo, como estamos? Um tempo atrás eu trouxe a resenha de ‘Súplica em Olhos Mortos’, um suspense nacional e as primeiras aventuras de Betina Zetser, uma fotógrafa metida a jornalista investigativa. Agora, temos a continuação de sua história em Vestígios, com o desenrolar de algumas situações e mais novidades na vida da mocinha, que parece nunca ter um momento de paz. 
Vestígios | Luciana de Gnone
Foto: Hanna de Paiva | Mundinho da Hanna

 

Obs.: E-book lido em parceria com a MS Assessoria Literária e a autora Luciana de Gnone.
Obs.: Pode conter spoilers do primeiro volume. Disponível no Kindle Unlimited.
ALERTA: Contém cenas e gatilhos de violência sexual, sequestro e violência contra mulher.

29/24
Livro: Vestígios
Autora: Luciana de Gnone
Editora: Casa do Escritor (Independente)
Ano: 2021
Páginas: 368
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Os jornalistas investigativos Betina Zetser e Bruno Jopson regressam a este novo e intenso romance policial, agora casados. Com o aumento mundial do número de casos de ataques com ácido, Betina se empenha em trabalhar em uma matéria para trazer à sociedade essa terrível modalidade de crime contra mulheres. Betina viaja à Colômbia para conhecer Jackeline Fernández, vítima do crime e fundadora de uma organização que dá apoio às mulheres que sofreram ataques. Cada vez mais envolvida com a história, a jornalista se depara com uma série de informações desencontradas que poderão ajudar a advogada a localizar seu agressor. Enquanto isso, Bruno enfrenta um inimigo do passado que retorna para perturbar a vida do casal. Buscando proteger a integridade emocional de Betina, ele corre contra o tempo para evitar que essas ameaças despertem os traumas já superados.

 

 
 
Vestígios | Luciana de Gnone

 

 
Depois de passarem por trancos e barrancos no interior de Alagoas, Betina e Bruno conseguiram trazer justiça para quem merecia e salvaram o dia de muita genteAlém disso, a matéria que escreveu para a The Realist, denunciando o trabalho escravo da fazenda Ponte da Boa Esperança, rendeu-lhe um ótimo emprego de jornalista investigativa na revista, calando a boca de Richard de uma vez.
   
Para completar, a mocinha foi pedida em casamento em uma cena lindíssima nas praias cariocas e não poderia estar mais feliz, enfim vivendo seu conto de fadas do mundo moderno com Bruno. Morando em Londres com seu amado, João finalmente ficou para trás, já que estão separados por um oceano de distância.
   
No entanto, o mundo dá muitas voltas e ainda existem contas a serem acertadas, mesmo que Betina não queira. Embora sua vida esteja caminhando bem, ela não consegue esquecer, nem parar de se culpar pela morte de Beto, o fotógrafo que morreu em seu lugar durante o atentado na fazenda. 
   
Ir ao enterro do amigo só lhe traz mais dor e angústia, ao pensar que poderia ser ela a vítima daquela vez. Apesar de fingir que está tudo bem, as memórias daqueles dias lhe atormentam a todo momento.
   
Não apenas a ela, mas também a Hermano que, mesmo preso, jurou vingança contra Betina e Bruno, os responsáveis por acabarem com seus dias de glória no Brasil. E é esse desejo doentio que lhe dá forças e determinação para cumprir seu maior desejo: ver o casal 20 sofrendo o que ele passou atrás das grades.
   
Tal desejo parece próximo a ser cumprido, pois Betina e Bruno foram enviados para cobrir matérias em países vizinhos ao Brasil. Enquanto o rapaz está na Venezuela cobrindo os últimos escândalos políticos, a moça precisa investigar casos de atentados com ácido contra mulheres ao redor do mundoPorém, o que mais chamou atenção foi o primeiro relatado na mídia da advogada Jackeline, na Colômbia.
 
 
Vestígios | Luciana de Gnone
Foto: Hanna de Paiva | Mundinho da Hanna

 

 
 
Enquanto os jornalistas tentam fazer justiça por mais pessoas inocentes, Hermano vê nisso a oportunidade perfeita para realizar seus planos sádicos, já que o casal está separado momentaneamente. Será que ele vai conseguir cumprir o que deseja? O tempo é curto e qualquer segundo pode ser crucial para todos os lados dessa história.

 

 

“E como poderia estar calma, com tantas coisas que haviam acontecido em um único, mísero dia?”

 

 

E lá vamos nós a mais um capítulo da ‘Saga de Betina Zetser’. Depois do atentado sofrido na fazenda Ponte da Boa Esperança, Betina passou por poucas e boas, se metendo onde não devia, enquanto Bruno estava entre a vida e a morte no hospital mais próximo.
 
Apesar de tudo ter terminado bem, a mocinha ainda é atormentada por pesadelos todas as noites, nos quais sempre aparece Hermano, o criminoso que lhe jurou vingança anos antes. Embora diga que está tudo bem e viva a um oceano de distância, ele ainda é um fantasma, do qual ela não consegue esquecer.
 
Sua única válvula de escape é trabalhar em seu novo emprego na The Realist. Seu senso de justiça fala mais alto ao ver um caso recente de atentado contra mulheres britânicas em uma ilha africana. O caso chama atenção por conta da arma utilizada: as vítimas foram queimadas por ácido sulfúrico durante um passeio.
   
Investigando mais a fundo, Betina descobre que essa não foi a primeira vez e muitas outras mulheres sofreram casos semelhantes ao redor do mundo. Logo, ela não mede esforços até conseguir escrever sua matéria e mostrar quantas vítimas precisam de justiça. Para isso, faz questão de ir até a Colômbia e entrevistar o primeiro caso relatado desse tipo.
 
 
Vestígios | Luciana de Gnone
Foto: Hanna de Paiva | Mundinho da Hanna

 

 
 
Bruno não poderia estar mais feliz pela atitude da agora esposa. Em especial por ter sido designado a cobrir uma matéria na Venezuela, então estariam relativamente próximos. Betina, por sua vez, quer mostrar para o mundo que pode ser uma grande repórter. E, para quem nunca tinha feito algo do tipo, a mocinha manda muito bem, por sinal.
   
Essa foi a parte que mais gostei no livro todo. Apesar de ser algo pesado e que precisa de estômago, amei a forma como a autora lidou com o tema. Só quem é mulher entende o que é ter medo de andar na rua sozinha em determinadas horas, até mesmo temer o que um ex-namorado ou ex-marido pode fazer após a separação. 
   
Eu me vi em cada situação e foi difícil não me solidarizar com as moças entrevistadas, ou mesmo com Betina, tentando transcrever tudo de modo imparcial. Nessas horas, eu só queria dar um abraço em cada uma delas e falar que ia ficar tudo bem, que elas não estavam sozinhas.

 

 

“Ele me manipulava psicologicamente para que eu pensasse que o problema era meu e não dele. E era bom nisso, como era bom…”

 

 

Além disso, eu gostei de como o casamento de Betina e Bruno se desenvolveu até a página 2. Ele é um bom marido, sempre apoiando a esposa no que ela decide fazer e comemorando cada conquista. 
   
No entanto, eu fiquei incomodada com certas atitudes dele, que não levavam em consideração as escolhas de Betina como mulher. Tentei levar em consideração o ano em que o livro foi escrito. Mas ainda foi incômodo ver que era um tema tão passável assim em livros de romances e os leitores diziam que era lindo. 
   
Me vi tão pressionada quanto Betina e, sinceramente, se tivesse no lugar dela, pensaria se não seria um bom momento para pedir o divórcio. Especialmente porque a própria Betina tem 37 anos na cara, mas ainda age como se fosse uma adolescente ao esbarrar com João. 
   
Não importa onde esses dois estejam, o mundo parece conspirar e “ninguém vai entender a nossa relação”. Pelamor! Nesse momento, confesso que senti pena do Bruno, que faz de tudo para ter a atenção da moça, parece até que saiu de um conto de fadas em um cavalo branco, mas ainda não é o suficiente para tirar o clima de trisal da trama.
   
Felizmente, dessa vez, isso não ficou tão evidente, pois o suspense que eu mais queria ganhou os holofotes. Além disso, os dias de paz de Betina e Bruno estão contados, porque Hermano fugiu da prisão e pode estar mais próximo deles, já que foi para o único lugar onde poderia se esconder da polícia brasileira.
   
Fiquei nervosa o tempo todo durante a leitura, já que me perguntava se Hermano realmente encontraria Betina ou Bruno e cumpriria seu plano de vingança. Além disso, o próprio tema das mulheres atacadas por ácido ganhou um espaço considerável na trama, e me senti bastante envolvida com a investigação.
   
Betina se mostrou uma protagonista que “tem salvação”, sendo uma jornalista muito boa e esperta (pelo menos nisso ela teria que ser, né?), e fez uma reportagem dignaPor sua vez, Jackeline, embora seja uma personagem secundária, se mostrou uma mulher batalhadora e muito corajosa. 
   
Apesar de não desejar o que ela passou para ninguém, ver o quanto a mocinha cresceu e passou a lutar pelos seus direitos é de muito orgulho e só me fez pensar no tanto de mulheres assim no mundo, mas nem conhecemos suas histórias. Além disso, o caso da advogada nunca foi resolvido e Betina não mede esforços para levar justiça para a moça. O problema é que isso pode ser um vespeiro bem perigoso, do qual as pessoas podem nunca sair.
 
Gostei bastante desse clima de suspense por trás, pois deu à protagonista a chance que ela precisava de acordar um pouco para a vida e crescer. Apesar de imaginar como algumas coisas terminariam, já que os “culpados” são mostrados descaradamente, o “tchan” de ‘Vestígios’ é tentar
provar que foram eles mesmos que fizeram o atentado.
 
 Ainda assim, a autora mostrou um ótimo talento para manter vários mistérios em um único livro, pois Hermano ainda está a solta e pode aparecer a qualquer minuto. Falando nele, aliás, se eu já tinha medo do cidadão antes, agora fiquei ainda mais assustada. Hermano é um homem frio e calculista, que não está nem aí para as consequências. 
   
Só quer ver o circo pegando fogo enquanto ele come pipoca. E o que mais assusta é saber que existem muitos como ele espalhados por aí, até próximos de nós, e nem temos ciência. A trama é narrada em terceira pessoa, com momentos de primeira, quando o capítulo se refere à Betina. 
   
Apesar de não incomodar no primeiro livro, aqui achei desnecessário. Poderia ter deixado todos os capítulos em terceira pessoa que teria a mesma emoção. E, conforme já tinha comentado antes, se ‘Súplica Em Olhos Mortos’ tinha mais romance que mistério, aqui temos o oposto, o que gostei bastante, até a página 2 também
   
As cenas de “tiro, porrada e bomba” são espetaculares, perfeitas de um filme de ação. No entanto, não gostei tanto assim de como o desfecho se desenrolou. A autora quis trazer todos os personagens do primeiro livro de volta. No entanto, não senti que foram tão bem aproveitados como eu gostaria. 
 
 

 

Vestígios | Luciana de Gnone
Foto: Hanna de Paiva | Mundinho da Hanna

 

 
 
Para começar, Mari, a delegada boladona que me conquistou, aqui mal abre a boca e fica travada. Entendo que tem uma questão emocional, embora da outra vez também tivesse e ela foi mais racional, ao contrário do que vi em ‘Vestígios’.
   
Além disso, eu já tinha perdoado a autora por ter resolvido certas coisas ao longo da trama. Mas elas voltaram no desfecho, só para o personagem não ficar esquecido no churrasco e deixou o final amarrado de maneira forçada desnecessariamente.
   
Para completar, algumas passagens do fim também me deixaram incomodadas, pois me levaram a pensar em certos debates políticos que não tem a ver com a trama. No entanto, dão margem para isso e me decepcionou um pouco também.
 
Em relação ao livro, li em versão digital. Então, posso falar que a diagramação e revisão estão muito bem feitas. A autora manteve a escrita fluida em todo tempo e soube sair de vários temas pesados com delicadeza e suavidade, o que lhe conferiu alguns pontos.
   
No entanto, devido a algumas ressalvas que me incomodaram, não vai levar nota máxima dessa vez. Mas ainda é um livro que recomendo, se não tiver problemas com gatilhos.

 

 
O que acharam da obra? Já leram algum outro livro da autora? Me contem aí!
Obs.: Texto revisado por Emerson Silva
Postado por:

Hanna de Paiva

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