4 de May de 2023

Vivendo nas Entrelinhas | Juliana Cirqueira

    Olá meu povo, como estamos? Hoje falaremos de um livro nacional por aqui. Cumprindo direitinho minha TBR de abril, um dos títulos mais votados para
romance foi ‘Vivendo nas Entrelinhas’, escrito pela booktuber Ju Cirqueira. E agora eu trago minhas opiniões sobre a obra.

 

Vivendo nas Entrelinhas | Juliana Cirqueira
Foto: Hanna de Paiva | Mundinho da Hanna

 

22/60
Livro: Vivendo nas Entrelinhas
Autora: Juliana Cirqueira
Editora: Planeta
Ano: 2022
Páginas: 256
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De Ju Cirqueira, booktuber com mais de 300 mil seguidores nas redes sociais.

Tudo vai bem na vida de Heloísa. O casamento, a mudança para outra cidade, o emprego novo, os amigos.

Mas, se está tudo bem, por que ela sente que nada se encaixou como deveria? Ou talvez seja ela quem deva se encaixar. Sendo um ou outro, há um crescente sentimento de que algo se perdeu no caminho.

Casada há algum tempo com Guto, Heloísa é uma professora de História que gostaria muito de ter mais tempo para fazer coisas de que gosta. Dividida entre as preocupações do trabalho e as demandas de seu relacionamento, tudo o que ela mais quer é conseguir devorar livro atrás de livro, como fazia na adolescência. É então que descobre um clube do livro por
um anúncio esquecido entre as páginas de um livro da biblioteca da escola. Indecisa, mas curiosa, permite-se uma jornada de auto descobertas a partir da literatura.

Ela sabe que não é normal o incômodo que sente por atitudes de Guto e por ter seus planos e sonhos relegados a um segundo plano.

Agora, com a ajuda de novas e velhas conexões, Heloísa tem a chance de compreender o que falta para si, ainda que isso possa causar uma ruptura muito maior do que ela esperava.

 

 
 
 
 
 

 

Vivendo nas Entrelinhas | Juliana Cirqueira

 

 
 
Heloísa tinha uma vida tranquila e feliz ao lado de seu marido. Acabaram de se mudar e estão se adaptando à rotina de uma cidade grande. 
Embora tenham uma vida corrida, eles ainda têm tempo para serem um casal apaixonado e curtir com os amigos. Ou seja, é um casamento perfeito e com cara de contos de fadas.
No entanto, olhando de perto, as coisas não são bem assim. A moça irá descobrir que o mundo pode ser bem mais do que lhe foi apresentado a vida inteira. A grande questão é: ela e seu marido estão prontos para isso?
 
 
 
Como falei no post de primeiras impressões, eu já conhecia o trabalho da Ju Cirqueira como criadora de conteúdo literário. Aliás, algumas mudanças que aconteceram por aqui no Mundinho foram inspiradas no blog dela. Mas eu não sabia o que esperar quando ela anunciou que escreveria um livro.
Logo no lançamento percebi que ficou até um tanto hypado, o que me deixou desconfiada e preferi não ler tão cedo. Mesmo assim, acabei pegando emprestado no catálogo do Kindle Unlimited e deixei quieto na nuvem até agora, quando coloquei para a votação.
Aliás, para quem caiu de paraquedas nessa resenha, eu sempre monto parte da minha TBR através de escolha do público, que coloco nos stories do @mundinhodahanna. Logo postarei a próxima, assim estão todos convidados a seguir o perfil e deixar seu voto na lista. Voltando a falar da leitura, mesmo sabendo que venceu por unanimidade,
tentei ler sem grandes expectativas. E foi um grande acerto, pois tive uma experiência bem agradável.
 
 
 
Vivendo nas Entrelinhas | Juliana Cirqueira
Foto: Hanna de Paiva | Mundinho da Hanna

 

 
 
 
A escrita da autora é fluida, ao mesmo tempo que é poética também. O que me lembrou um pouco o estilo da Taylor Jenkins Reid, inclusive. Dessa forma, somos apresentados à trajetória de Heloísa, nossa protagonista e narradora.
A moça é professora de história em uma escola de Ensino Fundamental II e tem bastante orgulho de sua profissão. Apesar disso, não deixa de ser um tanto frustrada por não ter ainda realizado o verdadeiro motivo de sua escolha da faculdade. Mas tudo se apaga quando está ao lado de Guto, seu marido.
O rapaz é aquele príncipe encantado dos contos de fadas: bonito, inteligente e divertido. Onde chega, é o centro das atenções e todos querem falar com ele. Trabalhando como advogado em um escritório de renome na capital, ele está fazendo muitos amigos e acaba inserindo a esposa por tabela nas rodas de conversa.

 

“As pessoas se esquecem do quanto somos diferentes uns dos outros e que seguir os mesmos caminhos não é garantia de obter os mesmos resultados.”

 

O que seria ótimo, pois isso só mostraria o quanto eles são um casal maravilhoso e que se apoia. Mas é aí que percebemos certos detalhes que mostram o oposto. 
Pequenas sutilezas que acabam passando batido e, tempos depois, podem levar as coisas grandes e impossíveis de serem ignoradas.
Para começar, a profissão de Helô é um orgulho para ela. Contudo, por onde passa, os amigos de Guto a metralham com ofertas de concursos de “empregos melhores e decentes”, sem perguntar se a moça estava procurando. O que leva a momentos constrangedores e desnecessários, que seu marido vê como “um comentário inocente de quem se preocupa”.
Mas eu, especialmente por já ter passado por isso diversas vezes, só queria socar a cara desse infeliz e fazer ele engolir todos os dentes a cada vez que dizia isso. 
Não apenas ele, mas todos os amiguinhos que traz a tiracolo, os quais pensam que o mundo gira apenas em torno deles próprios e o resto do mundo não importa.
Isso porque Guto pode ser um cara maravilhoso até a página dois. Achei um personagem difícil de engolir desde que apareceu pela primeira vez. 
A verdade é que ele é egoísta, controlador e mesquinho. Além de ter atitudes constrangedoras que me lembraram também situações de meu passado, pelas quais eu só queria que sofresse combustão instantânea e sumisse do livro.

 

“Acreditar e confiar em alguém não faz você responsável pelos atos da outra pessoa.”

 

 

Heloísa percebe isso gradualmente e se sente cada vez mais perdida e solitária, mesmo cercada por muita gente. E, confesso, me senti representada em vários momentos. 
A verdade é que ela está numa zona de conforto, porém de infelicidade. Sair dela pode ser bom, mas ao mesmo tempo doloroso e causa medo. O que a faz ter dúvidas constantes sobre o que está fazendo.
 
 
 
 
Vivendo nas Entrelinhas | Juliana Cirqueira
Foto: Hanna de Paiva | Mundinho da Hanna

 

 
 
Enquanto ela se pergunta qual caminho deve seguir, conhecemos um pouco dos outros personagens, de modo especial suas raízes. A moça veio do interior e tem uma família pequena. 
Logo, tudo gira em torno da mãe, do irmão mais novo e da avó. Aliás, minha vontade era de colocar a Vó Nena num potinho e guardar para sempre.
De longe, foi a personagem que mais me cativou. É uma mulher que já viu muito nessa vida e tem bastante sabedoria para compartilhar. 
Basta estar disposto a ouvir. Já a mãe e o irmão de Heloísa são pessoas discretas, mas nem por isso deixam de ser observadoras e nem de falar o que pensam.
Em resumo, formam uma família unida e que não tem medo de puxar a orelha um do outro quando necessário. Isso os faz reais e críveis, me lembrando da minha própria família em diversos momentos.
Outra coisa que gostei nessa leitura é que a trama é ambientada no Espírito Santo, onde a autora mora atualmente. Apesar de viver no Sudeste e ler muitas obras ambientadas na minha região, esse é um Estado esquecido para tudo. 
Seja viagens ou mesmo leituras, lendas, etc. Então, foi uma boa experiência conhecer um cantinho do nosso Brasil que é tão perto, mas acaba sendo ignorado.
Desse modo, alternamos entre os acontecimentos da cidadezinha de Cachoeiro e Vitória, a capital. Enquanto a vida na primeira é pacata e me deu vontade de querer me mudar o quanto antes, a segunda se mostrou como qualquer cidade grande: corrida e, por vezes, solitária.
Se puder definir ‘Vivendo nas Entrelinhas’ com uma frase eu diria: ler é perigoso, pois te faz pensar. A protagonista percebe isso aos poucos, conforme vai abrindo os olhos e percebendo as consequências de suas escolhas. Mas tudo pode ter seu lado bom, ainda mais quando Helô passa a participar de um clube do livro, de maneira inusitada e inesperada.

 

“Eu encontrei um lugar que me acolhia como eu era, e me fazia querer ser cada vez mais eu mesma, em vez de tentar ser outra pessoa.”

 

 

Acho que só uma pessoa que ama tanto a literatura consegue entender as diversas declarações de amor que a moça começa a fazer em suas próprias descobertas. Listas de desejados, passeios nas livrarias, cheirinho de livro novo, lidar com os horários apertados e carregar um livro na bolsa. Isso além dos motivos que nos fazem querer sempre ler, mesmo estando com a agenda lotada de tarefas.
Foi também lá que conheci outros personagens secundários, mas que marcam bastante presença. Acho que leria se tivessem um livro apenas para eles. 
 
 
 
 
 
Vivendo nas Entrelinhas | Juliana Cirqueira
Foto: Hanna de Paiva | Mundinho da Hanna

 

 
 
Clara, a mediadora do clube e também colega de trabalho de Helô, se mostra uma pessoa maravilhosa e uma grande amiga. Adorei ver como a relação dessas duas se
desenvolve, bem como a protagonista pode aprender bastante com a nova convivência.
O resultado foi um romance bonito, com o pé no chão e muitas reflexões. Esse livro fala sobre o poder da verdadeira amizade, coragem e, acima de tudo, amor próprio. Heloísa tem uma jornada de aprendizado e amadurecimento crível e digna de deixar o coração do leitor quentinho.
O mesmo posso falar do desfecho. Ele é fechado, crível e real, mas que ainda tem espaço para muitas ponderações. 
Afinal, o que nos faz realmente felizes? Acho que só essa pergunta rende debates intermináveis e diversos TCC’s de psicologia. Mas foi o que me perguntei logo que terminei a leitura.
Em resumo, é um livro que eu recomendo para quem gosta de um bom romance ou mesmo se procura sair de uma ressaca literária. Falando sobre o livro em si, li em versão digital. Então, posso falar que gostei bastante da diagramação e a revisão está bem feita. A capa também é uma gracinha, com elementos que, embora não tenham conexão em um primeiro contato, fazem todo sentido no decorrer da leitura.

 

 
 
 
 
 

 

E aí, já tinham lido essa obra? Gostam de livros escritos por booktubers? Me contem nos comentários!

 

 Texto revisado por Emerson Silva
Postado por:

Hanna de Paiva

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