21 de October de 2025

A História de Alistair Chevalier | Rodolpho Padovani


Olá meu povo, como estamos? Aproveitando o mês de Halloween e as indicações de histórias mais trevosas, hoje eu trago minhas impressões sobre ‘A História de Alistair Chevalier’, uma obra de horror nacional, escrita por Rodolpho Padovani.

Livro: A História de Alistair Chevalier

Autoria: Rodolpho Padovani

Editora: Flyve

Ano: 2022

Páginas: 440

País: Brasil/Inglaterra/França

Formato: Digital (disponível no catálogo do Kindle Unlimited até o momento)

Nota: 4/5

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A morte é apenas o início.

Abélard Carret é um garoto que vive em uma fazenda da França que começa a dar seus primeiros passos rumo à revolução. Seu destino sofre uma reviravolta quando parte para a cidade de Rouen. Lá ele conhece Jean Merlet, um revolucionário que o levará até um conflito sangrento no centro de Paris. A batalha nas ruas da cidade é marcada por um encontro que mudará a sua vida e a de várias pessoas que ainda nem existem.

Anos depois, Alistair Chevalier, um nobre francês, morre aos 25 anos e renasce como um ser da noite. Ao lado do vampiro que o transformou, ele vaga pelas ruas de Paris em busca de sangue.

A culpa por um erro terrível leva-o para Londres. Em meio à névoa que se espalha por toda a cidade banhada pela lua e em bairros decrépitos de ruas sinuosas, Alistair conhece homens e mulheres, descobre o valor de uma amizade verdadeira, tenta desvendar os mistérios por trás do amor e começa a entender que pode haver traços de luz e humanidade em seu mundo de trevas.

Mesclando a elegância da Era Vitoriana à miséria presente nestes dias, a história foca não só nos vampiros, mas também em questões como a vida e a morte, a solidão, crenças, o amor, o poder da amizade e das escolhas. Acima de tudo, traz a seguinte indagação: o que realmente nos torna humanos?

Foto: Hanna de Paiva | Mundinho da Hanna

A França estava passando momentos turbulentos durante a fase pré-revolução. Há quem ache que o país vai mudar, e há quem diga que é tudo fogo de palha. Enquanto Paris pega fogo, Abérlard Carret vive uma vida pacata e monótona no interior, junto aos pais.

No entanto, o que era para ser uma rotina sossegada muda quando a crise alcança os fazendeiros e algumas atitudes são impostas a quem tem um pedaço maior de terra. Tentando entender o que estava acontecendo no mundo e dentro de si, o jovem parte rumo aos caos de Paris.

Em meio às confusões, diversos destinos se cruzam e mostram que todo mundo tem problemas dos quais se arrependem. Mas talvez a forma como você lida com eles é o que faz o seu destino mais satisfatório.

Quando peguei esse livro para ler, pouco sabia a respeito. A informação que eu tinha era apenas que havia sido publicada pela Flyve e era uma história criada pelo Rodolpho, uma amizade que a internet me deu e criador de conteúdo no @estantedetijolo.

Cheguei a conversar com ele durante a Bienal do Livro 2025, peguei o livro no catálogo do Kindle Unlimited, e estava curiosa para começar a leitura. E apesar de ser fã de vampiros na literatura, achei melhor deixar para conhecer Alistair Chevalier no mês do Halloween.

A narrativa é em terceira pessoa, porém marca apenas um ponto de vista, o qual muda de acordo com a linha temporal da história. Eu achei uma iniciativa curiosa, já que me lembrou bastante a escrita do George R. R. Martin em GOT.

A obra também apresenta semelhanças com Entrevista com O Vampiro, ao trazer uma visão bem melancólica sobre a imortalidade e a sede de sangue. Esses pontos me deixaram bem curiosa, já que são universos que gosto muito e ver reunidas aqui eram pontos favoráveis.

Contudo, a semelhança para por aí. Pois logo mostra a sua própria personalidade e segue um rumo distinto.

O livro começa de uma forma que, ao meu ver, é poética, lenta e até monótona. Conhecemos a história dos personagens desde muito jovens, com pequenos detalhes que nos deixam mais próximos de cada um deles, como se fôssemos amigos íntimos.

E é assim que somos apresentados à jornada de Abélard e Alistair, ambos em suas dúvidas e descobertas sobre a vida. O primeiro sempre teve uma rotina sem mudanças e continuaria assim, não fosse pela chegada de uma família agregada em sua fazenda.

Ele (que até então era um rapaz solitário vivendo como filho único e sem outras crianças para brincar), viu nessa chegada a chance de fazer novas amizades e até um casamento no futuro. No entanto, são famílias diferentes, com costumes diferentes. Dessa forma, é questão de tempo até as amenidades se tornarem farpas entre os moradores do terreno.

As crianças, alheias às confusões dos adultos, só queriam se divertir e aprender mais sobre o mundo. No entanto, olhando bem de perto, parece uma missão quase impossível.

Isso porque Abélard vive numa família que hoje seria rotulada como extremamente tóxica. Mas naquela época, seria um perfeito exemplo de pessoas tementes a Deus. Qualquer coisa que o rapaz diga é motivo para se ajoelhar no milho e pedir perdão por blasfêmia. Assim, não pode perguntar diversas coisas que são comuns durante a infância/adolescência.

Foto: Hanna de Paiva | Mundinho da Hanna

Ao contrário, a família visitante, com um comportamento bem peculiar (para dizer o mínimo), está prestes a bagunçar todas as verdades de Abélard. E o caos é tanto que o rapaz foge de casa e vai parar em Rouen, onde começa a descobrir como a vida pode ser pesada, mas também tem coisas boas se olhar do jeito certo.

Nesse mesmo tempo, temos a Revolução Francesa e diversas pessoas que o rapaz jamais imaginaria conhecer. Mas trouxeram tanta sabedoria que ele vê nisso sua chance de redenção.

A morte é a última meretriz com quem um homem se deita”

Anos depois, Alistair Chevalier é um nobre rico francês. Vivendo em Paris desde bebê, não sabia o que era pobreza, já que tudo sempre esteve em sua mão. Contudo, dinheiro jamais compraria o que ele mais desejava (e até inveja de sua irmã): o amor de seus pais.

Por ter uma origem vergonhosa perante a sociedade, logo o rapaz percebeu que poderia se vestir do mais fino tecido e ter os melhores cavalos. Mas laços de sangue são muito mais importantes e podem abrir portas… ou fechar para sempre.

A vida desses dois rapazes é separada por décadas. No entanto, o mundo sempre dá um jeito de mexer os seus pauzinhos e ensinar algumas lições, mostrando que toda família tem problemas e negar isso é burrice.

Embora mal saibamos o que acontece com Abélard, Alistair tem bastante destaque, já que foi o escolhido para a imortalidade. Ainda sem saber o que fazer com ela, o novo vampiro acaba vendo nisso uma chance de redenção.

Dessa forma, conhecemos sua história. A narrativa, assim como na primeira parte, continua lenta e é até repetitiva em diversas cenas, contando a rotina diária de um bebedor de sangue que não dorme, apenas espera a próxima vítima aparecer.

Entretanto, é nessa rotina meio sem graça que estão os maiores aprendizados de Alistair. E foi aqui que minha mente explodiu. Muitos livros trazem os vampiros como seres sedutores, charmosos e com uma vida pomposa.

Mas Alistair vai no caminho oposto. Vivendo uma jornada solitária e sabendo que o seu destino é continuar assim, ele não vê motivos para disfarçar e vendar as vantagens da vida eterna por aí.

Apenas vive um dia de cada vez e espera que alguém tenha as respostas para a grande pergunta da vida: o que estamos fazendo aqui e qual o nosso objetivo enquanto pessoas. Enquanto não consegue resolver, ele aproveita cada minuto para tentar absorver e ter um pouco de sabedoria. E ele vai ter ajuda de quem menos esperava: mortais.

O dom da imortalidade tem um calcanhar de Aquiles, que é apagar todas as memórias da vida anterior. Dessa forma, Alistair tem a chance de vida começando do zero, como muitos de nós gostaríamos.

Porém, até que ponto esquecer nossas cicatrizes é bom? É o que se pergunta o novo vampiro. Sem ter a mínima ideia de como se tornou imortal, ele tem perguntas ainda maiores, pois tem que aprender uma série de coisas novamente.

Foto: Hanna de Paiva | Mundinho da Hanna

Contudo, ao perceber que sozinho não vai conseguir, começa um novo dilema: como pedir ajuda de quem deveria apenas se alimentar? Será Alistair um ceifador escolhido por Deus de uma maneira muito bizarra? Ou apenas alguém amaldiçoado a vagar pela eternidade pagando por pecados dos quais mal se lembra?

Que coisa patética era a vida! Todas as pessoas viviam e apenas por causa disso caminhavam diretamente para os braços da morte, sempre abertos e esperando em algum lugar do caminho, antes ou depois de alguma curva. “

É em meio a essas questões que aparece o elenco secundário. Os mortais podem ter um tempo mais curto entre os vivos, mas parecem ter uma sabedoria tão grande, que o vampiro não resiste e quer saber mais.

Ver os laços que ele começa a criar e seus sentimentos começando a aflorar num coração sombrio (e até então sem salvação), é bem bonito e até emocionante em alguns momentos. Ter uma vida anterior apagada lhe dá a chance de aprender coisas novas e preencher vazios que ele nem sabia que tinha.

Além disso, sua relação com Sebastian ao pisar em Londres é um respiro, não apenas na vida de Alistair, mas também para o leitor. O mortal parece já ser tão calejado pela vida, que conhecer um vampiro parece o menor dos seus problemas. No entanto, ver como ele lida com suas dificuldades é o que mais chama a atenção do bebedor de sangue.

A narrativa se torna mais leve toda vez que eles estão juntos, bem como quando os gêmeos Oliver e Jerome entram em cena. Ainda que de um patamar superior, Alistair passa a ver a beleza da vida mortal e quer fazer parte disso.

Se ele inveja ou apenas tem curiosidade pela efemeridade da mortalidade, é uma grande dúvida. Mas é interessante acompanhar seus aprendizados e lições de vida. Fora que é um bom contraponto às caçadas de Alistair que, detalhadas em um nível bem minucioso, tornam o livro assustador e até mais denso.

Mesmo que seja uma narrativa mais melancólica, densa em diversos momentos e bem triste, foi uma leitura que fiz rápido (cinco dias) e terminei precisando de respostas. Isso porque em meio aos fatos mais “parados”, temos algumas pontas soltas que trazem mistério e dão a entender que Alistair Chevalier vai voltar em um próximo volume.

Acho que a grande lição que esse livro traz é que: não importa quanto tempo temos no mundo, mas o que fazemos com ele para tornar memorável. E, mesmo gostando da leitura, achei que as cenas repetitivas tiraram um pouco do brilho da experiência, assim como alguns personagens que não parecem ter ligação e foram esquecidos. Por isso a leitura é boa, porém não perfeita.

Ter visto a morte de perto fez surgir em sua mente diversas questões que nunca seriam respondidas.”

Falando sobre o livro em si, eu li em formato digital (está disponível no catálogo do Kindle Unlimited). Então posso falar que a diagramação, revisão e arte estão bem feitas. A capa é simples e com poucos componentes. Porém, traz elementos sombrios e que destacam as dúvidas do vampiro.

Agora me conta nos comentários: você gosta de narrativas mais lentas? Curte histórias com vampiros no seu lado mais sombrio?

Texto revisado por Emerson Silva.

Postado por:

Hanna de Paiva

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