10 de June de 2025

Ecos na Floresta | Diego Sousa

Olá meu povo, como estamos? Depois de ficar um bom tempo sem trazer resenhas de livros de terror por aqui, hoje volto com ‘Ecos na Floresta’, um lançamento da Editora Skull que promete te deixar com bastante medo do escuro.

OBS.: Esse livro contém cenas em ricos detalhes gráficos. Se for gatilho para você, não recomendo a leitura.

Livro: Ecos na Floresta

Autoria: Diego Sousa

Editora: Skull Editora

Ano: 2025

Páginas: 179

País: Brasil

Formato: Digital (Disponível no catálogo do Kindle Unlimited)

Nota: 5/5

Foto: Hanna de Paiva | Mundinho da Hanna

Alice prometeu nunca mais voltar a Campos do Jordão. Durante anos, tentou deixar para trás as cicatrizes que a cidade lhe causou. Mas retorna ao lugar após ser convencida pelos amigos de que precisa relaxar. Apenas os cinco em um lindo chalé cercado pela floresta. Era para ser um fim de semana tranquilo, mas algo ali estava errado.

Sussurros ecoam na escuridão, sombras se movem onde não deveriam e o chalé, antes um refúgio, se transforma em uma prisão.

Quanto mais o tempo passa, mais se torna evidente que Alice nunca deveria ter voltado para aquela cidade. Há segredos enterrados ali. Segredos que não querem permanecer ocultos.

Para os fãs de terror Slasher dos anos 1980, Ecos na Floresta é um thriller perturbador e viciante.

Descubra os segredos, mas cuidado: o silêncio pode ser mais perigoso que algumas respostas.

Alice tem uma vida pacata na cidade de São Paulo. Vivendo sua rotina regrada entre trabalhos e provas da faculdade, não tem muito tempo para pensar no passado (especialmente nas cicatrizes ainda doloridas).

No entanto, agora vai passar a pensar com bastante frequência, pois seus amigos estão planejando um final de semana de passeios em Campos do Jordão, sua cidade natal. Além disso, todas as suas tentativas de recusar o passeio são frustradas, já que é voto vencido e não tem muito o que fazer a não ser acompanhar o grupo até a cidade onde prometeu nunca mais colocar os pés. Contudo, o que seria um final de semana tranquilo e de superação de traumas só vai mostrar que Alice jamais deveria ter retornado ao local.

‘Ecos na Floresta’ é uma aposta da Skull em terror Slasher, porém ambientado em território nacional. Eu nunca estive em Campos do Jordão, porém sempre ouvi dizer que é uma cidade maravilhosa para quem ama o frio. E é exatamente com essa premissa que o leitor é apresentado à trama.

Isso porque o local é bem frio, perfeito para passeios com climas de inverno e comidinhas quentinhas. Mas também tem uma vibe sombria, com dias nublados, neblinas densas e um silêncio assustador.

A narrativa é em terceira pessoa, porém vemos os fatos pelo ângulo de Alice e seus amigos. A protagonista é natural da cidade de Campos do Jordão, mas curiosamente não guarda muitos amores pela sua terra natal.

Não que ela fosse obrigada a guardar somente boas lembranças e ser tão patriota. Mas é de se chamar atenção que a jovem não queira colocar os pés lá nem por um decreto. E conforme vamos conhecendo melhor sua história, entendemos os motivos.

“Campos do Jordão estava lá, esperando, como uma sombra do passado que ela nunca conseguiu evitar.”

Embora seus amigos façam de tudo para alegrar Alice e fazer com que ela se sinta parte do grupo, a verdade é que a moça se sente cada vez mais isolada em suas memórias e medos. Esses estão se fortalecendo a cada minuto que passa pelas esquinas de Campos do Jordão.

Assim como qualquer cidade, nosso cenário tem lendas, que mais parecem teorias da conspiração de tão absurdas. No entanto, Alice mergulha tanto nelas, que comecei a me perguntar o que era verdade ou apenas alucinação. A protagonista se torna menos confiável a cada capítulo e a tensão só aumenta quando seus amigos vão percebendo que certas memórias jamais deveriam ser relembradas.

“Os pensamentos voltavam para Campos do Jordão. A cidade parecia um quebra-cabeça incompleto,
cheio de peças que ela nunca conseguiu encaixar.”

Os capítulos são curtos e a escrita do autor é muito envolvente. E essa foi a combinação perfeita para me ver imersa na leitura, imaginando cada cena. O que é maravilhoso por um lado, mas talvez seja uma experiência perturbadora se você tiver medo de cenas muito gráficas.

Como eu estava bem curiosa em relação às lendas nas quais Alice estava envolvida, fui lendo tão avidamente que nem senti as páginas passando e terminei o livro em uma sentada (o que foi ótimo para passar o tempo da minha viagem RJ-SP, hehe). Além disso, queria saber o desfecho de cada amigo da protagonista, que me rendeu um misto de opiniões.

Foto: Hanna de Paiva | Mundinho da Hanna

A começar por Vanessa, a outra moça da turma. Sabe todas aquelas pessoas burras dos filmes de terror e que você deseja que seja a primeira a morrer na cena? Ela cumpre perfeitamente esse papel. Era tão metida e egoísta, que eu revirava os olhos a cada cena só queria que sofresse combustão instantânea.

E quando Thiago entrava em cena, Vanessa era tão derretida, que esquecia do mundo à sua volta e só enxergava o rapaz. Nem sei como as páginas dela não atraíam formigas, de tanto mel que escorreu das cenas tentando ter uma chance com o crush.

O jovem, por sua vez, era até simpático e corajoso. Mas ficou faltando um pouco de sal para eu gostar mais dele. Agora quem leva o prêmio de melhor personagem é JB, que eu super queria como amigo. É divertido, tem uma alma leve e deixa todos mais tranquilos.

Já o prêmio de voz da sabedoria vai para Marcos, o mais observador de poucas palavras, mas que presta atenção em tudo e só fala quando é necessário.

Talvez por conta de suas personalidades distintas, cada um reage de uma forma quando Campos do Jordão mostra ser muito além de um destino turístico. Seja mais racional ou emocional, cada um deles vai percebendo (ao seu modo) que teria sido melhor ter ficado em casa.

“Campos do Jordão tem suas regras, seus segredos. E quem tenta quebrá-los, paga o preço.”

Só que agora está tarde para isso e, se sobreviverem até o dia seguinte, já estarão no lucro. Ainda mais quando alguns personagens locais aparecem.

Assim como a sinopse promete, as cenas são ricas em detalhes e trazem cenas que podem causar asco e incômodo em alguns leitores mais sensíveis. Regadas a muito sangue, ossos quebrados e falta de esperança, cada página se torna um convite para ficar mais sedenta por respostas.

Foto: Hanna de Paiva | Mundinho da Hanna

Cada capítulo me deixava certa de minhas teorias, que foram confirmadas, mas não sem me dar tantas emoções. Tive muitos momentos de nervosismo, agonia e medo, o que me fez parar a leitura algumas vezes para respirar. No entanto, a vontade de saber como tudo se resolveria era tanta, que ficava no eterno dilema de “só mais uma página” e “por hoje chega”.

“Eu existo antes de tudo, e continuarei existindo depois. Quando se forem, quando suas vidas
alimentarem minhas raízes, eu permanecerei. A luta deles é fascinante, mas no final, sei como tudo
termina. Porque eu sempre venço.”

Fazia muito tempo que um livro não me envolvia dessa forma e eu só tenho a agradecer ao autor, que me proporcionou esse privilégio de dilemas literários com uma obra nacional. O desfecho, assim como toda a trama, é regado a banhos de sangue e memórias não confiáveis.

Terminei de queixo caído e com a certeza de que foi um dos meus favoritos do ano de 2025. E, se assim como eu, você gosta de livros envolventes, curtinhos, mas cheios de reviravoltas, ‘Ecos na Floresta’ certamente é uma boa pedida. Mas fique atento a cada sinal que a mata lhe der, pois ela pode estar mandando um recado que vai custar sua vida!

Falando sobre o livro em si, só tive acesso à versão digital. Então, posso falar que a revisão está bem feita, assim como a diagramação. A fonte é legível e ótima para a experiência de leitura. Já a capa me lembra alguns filmes de terror, o que é a ideia: simples, sombria e objetiva.

Agora me conta nos comentários: já leu esse livro ou algum outro do autor? Já teve um livro que você não achou que ia gostar tanto, mas acabou devorando ele e tornando um favorito?

Texto revisado por Emerson Silva.

Postado por:

Hanna de Paiva

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