12 de February de 2021

[Postagem Extra] Não confie em ninguém | Charlie Donlea

Olá meu povo, como estamos? Hoje temos post do projeto #12livrospara2021, que acontece em parceria com os blog MãeLitertura e Pacote Literário. Para fevereiro, o tema era thriller e o livros que vocês escolheram vai render uma resenha complicada de fazer, pois realmente ainda não estou sabendo lidar com essa trama (rsrsrs). O livro “culpado” disso é Não confie em ninguém, de Charlie Donlea.
Não confie em ninguém | Charlie Donlea
Foto: Hanna de Paiva | Mundinho da Hanna

 

6/24
Livro: Não confie em ninguém
Autor: Charlie Donlea
Editora: Faro Editorial
Páginas: 352
Ano: 2018
Skoob | Amazon
 
 

 

O destino de Grace Sebold toma um rumo inesperado durante uma tranquila viagem com o namorado. O rapaz é assassinado… e ela é condenada pelo crime. Depois de dez anos na prisão, surge a chance de Grace provar sua inocência ao conhecer a cineasta Sidney. Em um documentário que exibe as falhas do processo, a cineasta questiona se a condenação foi fruto de incompetência policial ou se a jovem foi vítima de uma conspiração. Antes do término das filmagens, o clamor popular leva o caso ser reaberto, mas um novo fato provoca uma reviravolta: Sidney recebe uma carta anônima afirmando que ela está sendo enganada pela assassina. A cineasta começa a investigar o passado de Grace e quanto mais se aprofunda na história, mais dúvidas aparecem. No entanto, agora, o que está em jogo não é apenas a repentina fama e carreira, mas sua própria vida.

 

 

 

Não confie em ninguém | Charlie Donlea

 

O paraíso de Sugar Beach, em Santa Lúcia, é destino de muitos turistas, que buscam passear, desbravar novos destinos e encontrar vistas de tirar o fôlego. Mas foi também cenário de um assassinado, onde Julian Crist foi a vítima e todas as provas apontam por sua namorada, Grace Sebold, uma estudante de Medicina, com futuro brilhante pela frente.
A vida de Grace foi destruída naquele dia pois, além da perda do namorado, ela  teve que encarar um bando de jornalistas que caíram em cima dela, condenando como uma assassina fria e calculista, que chocou Santa Lúcia e os Estados Unidos. 10 anos se passaram e Grace ainda alega inocência, o que depois de muito tempo e muitas cartas, chama a atenção de Sidney Ryan, uma cineasta que está tentando emplacar seus documentários no horário nobre de uma das maiores emissoras dos Estados Unidos.
Sidney ficou curiosa com a história de Grace, ao mesmo tempo em que estava ficando famosa por anular duas condenações depois que seus documentários foram ao ar. Mas nenhum chegaria aos pés do caso de Grace Sebold, que parece ter muitas falhas imperdoáveis.
Provas que foram indevidamente arquivadas, interrogatórios mal feitos e uma investigação cheia de furos chama mais ainda a atenção de Sidney e de toda sua equipe, que vê nisso uma oportunidade de um documentário bombástico. O caso logo vem à tona novamente, chamando holofotes para cima de Grace e sua possível inocência, que Sidney acaba conseguindo provar.
O problema é que, ao sair no jornais que Grace Sebold teve a condenação anulada, Sidney recebe uma carta lhe anunciando que ela foi enganada e está soltando uma assassina. Sidney precisa concluir o seu trabalho e descobrir isso a fundo. Afinal, Grace era realmente inocente como mostravam as provas? Ou ela apenas manipulou todo mundo para acreditar que a investigação tinha furos e ela de fato era culpada?
“Tudo bem, Santa Lúcia. Me conte sua história.”
Eu comecei a ler os livros do Charlie desde o primeiro volume lançado, ‘A garota do lago’. Era um livro com uma boa premissa, mas estava nítida a inexperiência do autor em vários furos da trama, o que muito me decepcionou num primeiro momento e achei que nunca mais leria nada dele.
Tempos depois, quando dei uma segunda chance e li seu segundo livro, eu vi que foi bom ter feito isso, pois a escrita do autor melhorou consideravelmente, além da trama ser melhor conduzida. Era um bom livro, mas ainda faltava um tchan ali.
 E acho que ele achou o tchan agora porque… gente… não estou sabendo lidar com ‘Não confie em ninguém’. Para quem ainda não leu, os livros do autor são casos avulsos, então você pode ler de maneira independente.
Porém, ele teve uma sacada bem maneira, de ligar alguns personagens de livros anteriores e dar um toque de familiaridade com as obras dele. Então, para ajudar Sidney na investigação de seu documentário, temos a Dra. Lívia Cutty, que foi era a protagonista de ‘Deixada para trás’.
Lívia está terminando sua especialização e prestes a trabalhar no IML de Nova York, e já estava famosa desde o caso de sua irmã do livro anterior. Agora, aparecendo no documentário de Sidney, não apenas Lívia, mas a própria Grace Sebold seriam lembradas para sempre.
Grace era uma veterana de Lívia, e a universidade onde elas estudavam ficou marcada pela tragédia. Grace Sebold e Julian Crist não estudavam na mesma universidade, mas se conheceram num estágio voluntário e se apaixonaram perdidamente. Eles estavam bem felizes, principalmente por fazerem juntos a residência, que estava prestes a começar, em Nova York, na área de neurologia.
Mas antes disso, eles foram para Sugar Beach, para participar da cerimônia de casamento de Daniel Greaves e Charlotte, colegas de turma de Grace e amigos de longa data. O clima era de amor para todos os lados, até que o corpo de Julian apareceu boiando numa das praias mais bonitas do resort.
Não confie em ninguém | Charlie Donlea
Foto: Hanna de Paiva | Mundinho da Hanna

 

Todos poderiam ser suspeitos, mas por algum motivo, os detetives só estavam indo atrás de Grace, a namorada ciumenta e vingativa de Julian. Grace sabia que as provas tinham falhas, mas era a palavra dela contra a de uma turma de detetives loucos para resolver o caso. Logo Grace teve sua carreira indo por água abaixo, indo parar atrás das grades.
Sidney ficou chocada quando viu tantas falhas na condenação de Grace. E, aos poucos, vamos entendendo e ficando chocados também com a capacidade dessas falhas passarem batidas assim e ninguém questionar.  Sidney queria a verdade e fazer justiça.
Se isso significasse soltar Grace Sebold, era isso que faria. Assim, seu documentário rendeu uma fama inesperada e bateu recordes de visualizações. A população que antes condenava Grace Sebold agora via que as coisas não eram bem assim e clamavam pela sua soltura.

 

Quando conseguem, a audiência de Sidney vai nas alturas, chamando atenção do governo de dois países… e também de alguém que não se conforma com esse resultado. Ao receber a carta dizendo que foi enganada, Sidney não desiste até saber quem seria o remetente e o porquê de falar isso para ela.
O que ela deixou passar? Qual prova ela não analisou? Aos poucos, Sidney vê que o que fez não foi apenas um documentário famoso, mas mexeu com segredos profundos e feridas que jamais cicatrizaram. ‘Não confie em ninguém’ é um título perfeito para esse livro, pois realmente nenhum personagem é digno de confiança.

“Não tenho certeza no que eu acredito.”

Comecei achando que Grace era inocente, o que mudou para culpada fria e sem coração, psicopata e depois… já nem sei mais o que dizer. Todo mundo que passa pela sua vida tem uma marca profunda que dói. Ela não é feliz e parece que ninguém a sua volta consegue ser também.
Quanto mais Sidney escava sua história, percebe que a investigação anterior tinha furos, mas que a justiça também só olha o que quer ver e funciona quase como um fã-service. Tentando fazer o que acha certo, Sidney precisa saber em que terreno está pisando, e em qual vespeiro ela pode esbarrar.
Sua sensação de medo só cresce quando Grace é solta, o que não deveria acontecer, já que a Dra. Lívia Cutty a ajudou a ver que as provas contra ela eram furadas. Ainda assim, algo está errado, falta alguma coisa que ninguém vê. Conforme ela investiga a origem da carta, vê que Grace pode ser muito mais do que aparenta. E a dúvida sobre quem é o culpado no assassinato de Julian só aumenta para o leitor.
Todos os amigos de Grace parecem ser unidos demais, ao mesmo tempo que tem ressentimentos entre si. Não apenas eles, mais a própria família de Grace parece ser ressentida por alguma coisa. Todo mundo parece saber alguma coisa, o que deixa Sidney cada vez mais desconfiada. O problema é até onde ela pode ir nessa investigação.
Sidney é uma personagem incrível. Ela não é policial, mas age como se fosse uma. Forte, decidida e determinada, ela só quer que a verdade seja dita, custe o que custar. De personalidade forte, sabe que é responsável por mexer num caso arquivado há séculos, mas no seu íntimo é certo fazer justiça por Julian Crist, ainda que tarde, e para Grace, por tabela.
Mas ela tem que pisar em ovos ao falar com os envolvidos no caso, já que o medo parece pairar como uma nuvem pesada de tempestade na sua cabeça por onde vá. E é esse clima de medo que vai fazendo a leitura fluir mais rápido, com diálogos diretos, sem enrolação, o que dá certo equilíbrio para o livro.
O plot twist é fenomenal e fiquei feliz por ter lido sentada, pois do contrário teria caído. Me senti como num dos livros de Agatha Christie, tentando juntar as pistas e saber quem era o culpado. E nunca pensei que seria feita de trouxa total por Charlie Donlea. Não apenas feita de trouxa, mas fiquei chocada com um final aberto!
Apesar de não curtir finais desse estilo, eu fui obrigada a concordar que um final desse tipo era satisfatório para essa trama. Um dos comentários que li a respeito desse livro era que parecia uma obra de não-ficção. E tenho que concordar. O tempo todo me senti lendo um caso real que aconteceu tempos atrás e que parecia não ter solução.
Não confie em ninguém | Charlie Donlea
Foto: Hanna de Paiva | Mundinho da Hanna

 

E o final aberto se encaixou perfeitamente nisso, talvez porque a vida continua mesmo e ela não é justa para todo mundo. É bem isso que o livro mostra o tempo todo. Uma pessoa até então inocente sendo condenada por algo que não cometeu, um julgamento estranhamente rápido, um monte de testemunho não-confiável. mais um pouco e estamos vendo um jornal na TV.
O livro ficou tão real, tão crível, que foi, de longe, o melhor livro que li de Donlea até agora. Acho que, se tivesse começado por ele, minha visão sobre o autor seria completamente diferente. O livro em si tem uma capa um tanto chamativa. Como já é costume, sempre tem uma mulher na capa, que nesse caso acredito ser a Grace Sebold, com o olhar desconfiado.
O nome do livro está em alto relevo, o que confere um certo charme para a arte final. A capa é impressa em papel cartão, com uma arte bem bonita no atrás também, com vários cenários que fazem sentido conforme vamos lendo o livro e entendendo os personagens. A revisão está de parabéns e a fonte é bem legível. O que mais gostei foi as páginas bem grossas e amareladas.
Não confie em ninguém | Charlie Donlea
Foto: Hanna de Paiva | Mundinho da Hanna

 

Minha vista agradeceu e a leitura foi bem rápida, graças à escrita fluida e muito melhorada do autor também. A história é narrada em terceira pessoa, mas temos núcleos muito bem definidos, tanto no estúdio onde Sidney trabalha, quanto por onde ela passa para fazer as filmagens.
Os personagens são fantásticos e muito bem trabalhados e todos podem ser culpados por alguma coisa. A trama é fantástica e super recomendo, ainda mais se está em busca de um bom suspense.

 

 

 

12 livros para 2021 | Fevereiro

 

 

E essa foi a postagem de hoje. Você já leram algum livro do autor? Gostam desse estilo de leitura? Me contem aí!

 

Postado por:

Hanna de Paiva

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