Olá meu povo, como estamos? Hoje temos resenha por aqui (mais uma, para completar a ovserdose que aconteceu nos últimos dias, rsrsrs). Dessa vez, eu furei a ordem de livros lidos, para falar minhas considerações a respeito de ‘Aquilo que Nunca Soube’, o novo romance de Luciana de Gnone, com lançamento previsto para 17/08/2023.
Foto: Hanna de Paiva | Mundinho da Hanna |
Obs1.: Livro cedido gentilmente em parceria com a autora (Publicidade)
Obs2.: Livro disponível no catálogo do Kindle Unlimited.
42/60Livro: Aquilo que Nunca SoubeAutora: Luciana de GnoneEditora: Independente/AmazonAno: 2023Páginas: 238
Abandonada pela mãe aos seis anos de idade, Duda Castelo Branco foi criada como uma fortaleza pelo pai que a prepara para assumir a direção executiva da Joalheria Schatz, empresa fundada pelos seus antepassados.Acreditando ser uma mulher equilibrada e segura, seu destino lhe impõe uma reviravolta drástica na vida, quando o seu pai, José Eduardo, sofre um acidente de helicóptero deixando-o entre a vida e a morte.Enquanto acompanha seu pai na luta pela sobrevivência, Duda tem a chance de descobrir os motivos que levaram sua mãe a abandoná-la. Assim, ela mergulha em uma investigação pessoal escutando os diários de Sara gravados três décadas antes, em 12 fitas cassetes, mas talvez ela não esteja preparada para enfrentar a verdade.Uma obra investigativa que lança luz à prática cruel da alienação parental, ao mesmo tempo em que aborda temas complexos como abandono, violência psicológica, relacionamento abusivo e capacitismo. O livro ainda resgata laços familiares e provoca reflexões sobre questões que desafiam a sociedade contemporânea.
Maria Eduarda Castelo Branco, ou Duda para os mais íntimos, é uma jovem herdeira do império das joias Schatz. Ela foi criada em berço de ouro, com tudo do bom e do melhor ao seu dispor. Também era capa das matérias de revistas de celebridades, como uma menina sortuda em um lar feliz.
No entanto, olhando de perto, as coisas são bem diferentes. A moça possui feridas dolorosas do passado, quando sua mãe lhe abandonou sem olhar para trás. Assim, lhe sobrou a figura paterna, cumprida de modo exemplar por José Eduardo.
Porém, a vida de Duda dá um giro de 360° quando o homem que lhe criou sofre um acidente aéreo e fica entre a vida e a morte. Enquanto tenta lidar com as obrigações da empresa e as idas ao hospital, ela descobre pistas do sumiço da mãe, que podem lhe trazer respostas a um mistério de anos, que ainda lhe assombra.
A grande questão é: ela está pronta para saber o que aconteceu anos atrás?
“Sentia-me confrontada com o inexplicável. Minha mente especulava teorias atrás de respostas.”
Eu faço parte do grupo de leitoras preferenciais da Luciana já tem tem um tempinho. Então tive o privilégio de conhecer todas as suas obras já publicadas, além de sua evolução enquanto escritora.
No entanto, eu conhecia sua veia de escrita no suspense (a qual me conquistou logo de cara). Quando falou que ia escrever um romance beirando mais para o drama, eu confesso que fiquei com o pé atrás, pois não sou muito adepta do gênero e talvez não fosse gostar. Mas decidi dar uma chance quando ela abriu as inscrições para a nova leitura coletiva e me surpreendi positivamente.
A narrativa é em primeira pessoa e vemos os fatos pelo ângulo de Duda. Ela é uma moça que sempre teve tudo do bom e do melhor, ainda mais sendo filha de um magnata. Porém, mesmo que tudo pareça perfeito nas capas de revistas, sua vida tem um imenso buraco, desde que sua mãe foi embora sem dar explicações.
A protagonista fala que superou o ocorrido, afinal foi quando ela era criança. Mas a verdade é que ela não suporta nada que seja relacionado à Sara _ conhecida “carinhosamente” como vigarista _ e que não merece perdão.
A única figura que lhe importa é seu pai, o homem honrado, gentil e maravilhoso que a criou com todo carinho e fez o papel duplo durante toda a sua vida. Ou ao menos é isso o que ela pensa, até que a vida dá uma bela rasteira e Eduardo sofre um grave acidente e fica em coma por tempo considerável.
Enquanto Duda tenta lidar com as responsabilidades que lhe cabem na empresa e cuidar do pai no hospital, entretanto, terá ainda uma grande surpresa ao receber um presente inusitado, que pode lhe dar as respostas de tantas perguntas que achou ter deixadas no esquecimento. A grande questão é se ela está pronta para o que pode descobrir.
Foto: Hanna de Paiva/Mundinho da Hanna |
Conforme as páginas passam, acompanhamos a jornada da personagem, bem como seu dilema sobre a importância de saber ou não o que aconteceu durante sua infância. Apesar de evitar tocar no assunto, Duda tem muitos questionamentos sobre a virada que sua família teve, mas que por algum motivo são um verdadeiro borrão em sua memória.
“Eu era boa aluna, boa amiga e boa filha. Mas o que a vida me dava por ser essa garota exemplar?”
Embora diga o contrário, ela sabe que precisa se libertar desse tormento e enfrentar seus fantasmas, se quiser viver em paz consigo mesma e ter a certeza de que sua mãe é a vilã, única responsável pelo sofrimento que viveu. Porém, nem tudo é como a gente deseja e Maria Eduarda vai perceber de perto, de uma forma profunda e latente, que será difícil ignorar.
Felizmente ela não segue sozinha nessa trajetória rumo ao passado. Laura (amiga da família) e Guilherme (filho de Laura) são grande aliados e cumprem um papel importante, trazendo os fatos a tona, sem meias verdades ou floreios.
Dessa forma, temos momentos de muita tensão para a trama, que tornam a leitura dolorosa, porém necessária. Isso porque todos nós precisamos de pessoas que não tenham medo de tirar o esparadrapo das nossas feridas, para que possamos crescer e nos tornar mais fortes. E com Duda não poderia ser diferente.
Laura era mais amiga de Eduardo, mas se aproximou de Sara depois e pode dizer como os via enquanto casal, dando uma visão bem diferente do que a moça nos mostra com os dois como pais. Isso chama bastante atenção, especialmente porque tendemos a colocar nossos progenitores num pedestal e esquecemos que são pessoas, que também erram, amam, odeiam e tem arrependimentos.
E ver Eduardo e Sara dessa forma choca tanto a filha, quanto o próprio leitor, pois os conhecemos mais a fundo e percebemos que ninguém ali é 100% santo. Porém também vemos que algumas decisões não tem volta e, por mais que sejam justificáveis, podem pesar na alma para sempre.
Por sua vez, Guilherme era uma criança na época em que tudo aconteceu. Mas hoje, já adulto, ajuda na investigação dos fatos que levaram ao desaparecimento da mãe de Duda e tem uma visão mais apurada, por dois motivos: é juiz e pode trazer uma opinião do ponto de vista da lei.
Além disso, o rapaz é autista e tem uma visão racional, direta e reta, que pode assustar da primeira vez, por ser tão sincera e sem rodeios. Porém, talvez seja isso o que Duda precisa, para tirar de uma vez os seus medos de descobrir que realmente são seus pais e entender o que sente por eles.
O rapaz faz um processo investigativo muito bom e detalhado, o que muito me impressionou. No entanto, como uma característica da própria autora, que traz também uma visão além do mistério principal e coloca um pouco do lado pessoal de cada personagem, pude ver também um Guilherme humano, gentil e capaz de demonstrar sentimentos bem melhor do que qualquer outra pessoa.
Talvez seu jeito literal de ver as coisas o tornem um ser difícil de conviver no início. Mas quando o conheci de perto, só queria colocar ele dentro de um potinho.
A convivência de Guilherme e Duda se desenvolve de uma forma peculiar, leve e despretensiosa. O que me fez torcer para que se dessem bem até o final e ficava com um sorriso bobo a cada cena que apareciam juntos.
“Guilherme era adorável e ponderado. Enxergava o mundo da maneira que é, sem romantizar: simples e direto.”
O mesmo não posso dizer dos pais da moça. A narrativa começa a girar entre presente e passado e, conforme as pistas aparecem, vemos que por trás de um belo sorriso se escondem feridas profundas. Eduardo é um ótimo pai e homem de negócios sem igual. Mas como marido, eu só queria era que ele passasse em dobro tudo o que ele falava (sim, ando muito vingativa e não tenho vergonha em admitir. E ele tornaria o mundo muito melhor se sofresse combustão instantânea).
Sara, por sua vez, era uma moça ingênua e iludida com as promessas de uma cidade grande e luxuosa. Mas quando conseguiu tudo o que queria, viu os ônus e bônus de ser a esposa de um magnata cheio de vontades.
Foto: Hanna de Paiva/Mundinho da Hanna |
Apesar de serem necessárias para compreender todos os ângulos da história, ver os detalhes de como tudo aconteceu de verdade é doloroso, impactante e de revirar o estômago. No entanto, explicam várias consequências do presente e nos atentam para o fato de que nem tudo o que reluz é ouro. As aparências enganam e, de perto, ninguém é 100% bom ou mau.
Acho que a real mensagem nesse livro é mostrar que todo mundo erra. Mas o importante é o que fazemos com as consequências e como afetam as pessoas à nossa volta.
“Em geral, a vida e a dor alheira é um combustível eficiente para o fogaréu da mídia.”
A Luciana manteve uma narrativa densa, porém com uma escrita fluida e envolvente, que nos dá diversos tapas na cara e traz à tona assuntos pertinentes, mas pouco falados na sociedade. O que torna seu livro único, doloroso, porém necessário.
O desfecho é satisfatório e condizente com a trama. No entanto, confesso que me solidarizo com a reação de Duda diante de algumas resoluções e meu lado vingativo desejava mais sangue, porrada e bomba. Mas entendo que nem sempre a vida nos dá o que queremos e isso faria da moça mais uma justiceira do que uma filha em busca do próprio passado.
E acho que, se tiver alguma reclamação, seria só a de que eu queria mais páginas, só para ficar mais tempo vendo Guilherme e Duda depois do caso resolvido. Quem sabe seja até o gancho para uma sequência (nunca te pedi ada, Luciana, rsrsrs).
Falando sobre o livro em si, li a versão digital. Então posso falar que a revisão está muito bem feita, assim como a diagramação impecável. A capa traz diversos elementos que aparecem no decorrer da narrativa, o que achei uma ótima sacada da autora, e já nos deixa curiosos logo de cara.
Além disso, devo fazer um último comentário e falar que Duda foi a responsável por me deixar com desejo de comer paçocas enquanto lia. Não sei como ela não teve uma diabetes com tanta paçoca e água tônica que ingeria nos últimos dias (rsrsrs).
Em resumo, esse é um livro que gostei bastante e recomendo a leitura. De modo especial se gostam de uma história de mistério, com um toque de drama no meio do caminho.
Para quem quiser conferir os outros livros da autora, que estão resenhados por aqui:
A Saga de Betina Zetser – Súplica em Olhos Mortos
A Saga de Betina Zetser – Vestígios
A Saga de Betina Zetser – Delito Latente
Agora me contem: o que acharam da resenha? Ansiosos pelo lançamento de ‘Aquilo que Nunca Soube?’
Cida
Oi Hanna! Mistério é comigo e gostei da proposta desse livro. Eu te entendo quando menciona que queria mais tiro, porrada e bomba. Eu também sempre quero uma vingança ao invés de algo mais ameno. Dica anotada. Bjos!! Cida
Moonlight Books
Anônimo
Oi.
Eu não costumo ler muitos livros de mistérios mas, eu gostei tanto da sua resenha e da sinopse que fiquei curiosa, com vontade de embarcar nessa leitura.
Dica de leitura anotada!
Beijos.
https://www.parafraseandocomvanessa.com.br/
Anônimo
Amei muito a resenha no seu blog, muito obrigada por tanto carinho.
Hanna Carolina Lins
Fico muito feliz que gostou =)
Hanna Carolina Lins
Olha só, fico muito muito feliz em saber disso, viu? =) Espero que possa dar uma chance a esse livro e que goste tanto quanto eu, =)
Hanna Carolina Lins
Pois é, acho que já lemos tantos livros de vingança, que quando não tem, a gente sente falta, né? haha
Leyanne
Oie, o conjunto de temas no livro me fizeram ficar curiosa. Que incrível que gostou da leitura. E que kit lindo!
Bjs
Imersão Literária
Hanna Carolina Lins
Gostei mesmo, Ley. Foi uma grata surpresa e recomendo demais a leitura =)