Olá meu povo, como estamos? Freida McFadden está se tornando bastante frequente por aqui e cá estou eu com mais uma leitura para resenhar, que chegou ao Brasil recentemente. A da vez é ‘One by One’ (traduzido para o Brasil como ‘Até O Último de Nós’), que promete te fazer desconfiar da sombra.

Livro: One by One
Autoria: Freida McFadden
Editora: Hollywood Upstairs Press
Ano: 2020
Páginas: 295
País: Estados Unidos
Formato: Digital (disponível no catálogo o Kindle Unlimited até o momento)
Nota: 3,5/5
Uma noite passada dormindo no chão de terra e folhas não era o que Claire Matchett esperava para suas férias.
Ela pensou que seria uma pausa do estresse do trabalho e de criar seus filhos pequenos. Uma chance de reparar seu casamento danificado. Uma semana de caminhadas e banheiras de hidromassagem com outros dois casais amigos. Parecia o paraíso.
Então a minivan de Claire quebra em uma estrada de terra deserta. Sem sinal de celular, o grupo não tem outra opção senão continuar a caminhada até o hotel. Mas, ao que parece, a floresta não é tão fácil de navegar quanto imaginavam.
Horas depois, eles estão perdidos. Perdidos sem esperança.
E à medida que se aventuram mais fundo na floresta, os membros do grupo começam a cair misteriosamente, um por um. Será que um animal selvagem os está caçando? Ou o caçador é um deles?
Mas, conforme o tempo passa, uma coisa se torna clara:
Apenas um deles voltará para casa vivo.
Claire está bem feliz com a viagem que vai fazer nesse fim de semana. A rotina de professora infantil numa escola e ainda ter que cuidar do marido e dos filhos pequenos em casa está bem cansativa. Dessa forma, passar uns dias fora da civilização é o que ela mais deseja para recarregar as energias e se libertar do estresse.
O passeio está planejado há semanas e vai contar com mais algumas pessoas. Ao todo, três casais estão precisando colocar o papo em dia e descansar do trabalho agitado. Contudo, a chegada até a pousada não vai ser como imaginavam e talvez fosse melhor terem ficado em casa.
Isso porque uma série de coisas que desafiam a realidade começam a acontecer e apenas um fato fica evidente: Só uma pessoa pode voltar viva para contar a história. Quem será que vai conseguir?
Graças ao Clube Lendo com os Morcegos, estou conhecendo a escrita da Freida e me aventurando no seu estilo de thriller, digno de alugar um triplex. E quando ‘One by One’ foi anunciada como leitura do mês de fevereiro, fiquei com certa expectativa, diante dos comentários positivos de quem já havia lido a obra.
E acho que subiu ainda mais, pois tinha vindo de duas leituras bem avassaladoras (Nunca Minta e A Contadora). O que só aumentou minha expectativa e de querer ver mais uma leitura genial… o que não aconteceu e eu só fiquei com cara de tacho mesmo.
A narrativa é em primeira pessoa, com os fatos narrados pelo ponto de vista de Claire. A moça é uma professora de escola infantil, que tem uma jornada bem cansativa. Não basta o trabalho com os alunos, em casa tem bastante coisa para fazer, ao cuidar dos filhos pequenos e de um marido que só reclama.
Para completar, a rotina de casal não anda lá essas coisas e o diálogo entre eles é quase inexistente. Dessa forma, a viagem de fim de semana seria uma forma de se reconectar com seus pensamentos e criar coragem para tomar certas decisões.
Aos poucos, conhecemos os demais integrantes do passeio. Seis pessoas embarcam na aventura, que prometia caminhadas ao ar livre, um banho relaxante de banheira e camas aconchegantes.
Mas parece que está cada vez mais distante, desde o momento em que pegam a estrada. Quase todos são colegas desde a faculdade, que mantém contato até os dias de hoje. Mas parece que a convivência esconde segredos bem profundos e confusos.

Lindsay é a melhor amiga de Claire. A moça parece ter sido privilegiada pelo tempo, pois sempre parece uma boneca e atrai a atenção dos homens por onde passa. Ela está muito feliz em apresentar o namorado novo, Warner, que é um médico lindo, charmoso e super talentoso.
Juntos, formam um casal digno de filmes de comédia romântica, que levanta olhares de inveja e todos queriam estar em seu lugar.
“Seis é como qualquer outro número para mim. Mas sei que cada uma dessas seis pessoas tem um segredo que não quer que ninguém saiba.”
Por sua vez, Jack e Michelle são como água e óleo. O rapaz é um faz-tudo, que acabou de abrir sua empresa de empreiteiros. Ele é bom no que faz, mas tem uma vibe nostálgica ao carregar o mesmo estilo da juventude.
Ao contrário, a esposa é uma advogada de divórcios workaholic. Mesmo durante o passeio está absurdamente bem vestida, com vários processos na mão e mal conversa com os amigos do marido.
Para completar, Claire e Noah são aquele casal que deu certo e estaria no rumo do final feliz. Contudo, isso só é visto por gente de fora, já que de perto a realidade pode ser bem diferente.
Juntos, o grupo parte rumo a uma pousada tranquila, mas a viagem já dá errado antes mesmo de começar. Isso porque Emma, filhinha de Claire, tem um pressentimento de que um animal enorme vai devorar a mãe.
Tentando acalmar a filha, a professora promete que vai voltar para casa e estará tudo bem. Só que ninguém esperava que esse retorno fosse uma missão de vida ou morte, literalmente.

O clima de tensão começa a tomar conta da narrativa, ainda mais quando o assassino se revela para o leitor, tendo seu próprio ponto de vista. Chamado apenas de “Anônimo”, vamos conhecendo fatos de seu passado e colhendo pistas através da visão de Claire, para tentar identificar qual deles é o vilão, ou se todos serão vítimas.
“Não há muito que possamos fazer de qualquer maneira. Vou ter que esperar pelo melhor.”
A questão é que as aparências enganam e todos tem muitos segredos que não querem que sejam revelados. Mas parece que o convívio forçado por mais tempo que o esperado faz com que certos diálogos indesejáveis aconteçam.
E é aí, que a trama teria a reviravolta e se tornaria emocionante! Pois é o momento de conhecermos a real natureza humana. O que acontece, de fato, mas não do jeito que eu esperava.
‘One by One’ é a narrativa mais arrastada que já li da autora. O que não seria ruim, se não fosse por personagens nada cativantes, que só tornam a experiência mais cansativa.
A começar por Claire, que é a protagonista e uma verdadeira pastel. Quando as coisas começam a acontecer, eu imaginava que a autora a transformaria em uma detetive amadora. Afinal, não tem sinal de celular e a pousada está bem longe. Logo, alguém teria que fazer o trabalho investigativo.
Mas não é isso que acontece e o tempo todo só vi uma mulher que reclama da vida, do marido, inveja a vida dos amigos. Contudo, não levanta um dedo para fazer algo diferente e só quer que as soluções caiam no colo dela.
Noah também não fica atrás. É um físico brilhante no ambiente acadêmico, o que o faz um ser arrogante, prepotente e irritante em boa parte do livro. Fiquei me perguntando o tempo todo como foi que essa criatura conseguiu se casar com a Claire e ainda ter uma família, se ele não suporta nem ele mesmo.
Aliás, o prêmio de combustão instantânea por ser arrogante foi disputado a tapa pelos homens do grupo. Isso porque não apenas Noah, mas Jack e Warner competem com louvor para ver quem é o macho mais escroto, ainda mais quando estão perto das respectivas esposas.
“Às vezes, as dificuldades trazem à tona o que há de pior nas pessoas.”
Nunca vi gente mais irritante e eu só queria era que eles queimassem logo de uma vez, para eu ir ler algo mais agradável. Sei que poderia ter abandonado a leitura. Mas algumas pedem que eu continue, só para reclamar com propriedade depois. E ‘One by One’ foi um desses casos.
Fora que a narrativa parece ter furos, já que o “Anônimo” deixa bem claro que todos ali tem segredos pelos quais até matariam. Isso deixa o leitor curioso e ávido por respostas, mas só vi um episódio de ‘Casos de Família’ ou ‘Programa do Ratinho’.

Os segredos eram mais simples de serem resolvidos, se em vez de ficarem bancando os seres mais importantes do universo, eles se sentassem e conversassem como adultos. Mas não sei o que dá na cabeça dessas pessoas, que passam o livro todo achando bonito fazer de coisas mais banais motivo de brigas infantis e ainda se acham legais.
Fora que todos (TODOS) deveriam ter segredos. Contudo, alguns personagens foram esquecidos no meio do caminho e fiquei me perguntando qual o real motivo de estarem lá, e mesmo de terem sofrido o que sofreram, se não tinha importância alguma para o andamento da história.
A impressão que me deu era que eu ia ler uma grande revelação, mas acho que era melhor ter ido ver o filme do Pelé do que conviver com essas pessoas, na moral.
O desfecho traz emoção e reviravoltas. Fui feita de trouxa ao descobrir quem era o tal “Anônimo”. Muitas das minhas teorias foram por água abaixo nos capítulos finais e reconheço que a autora conseguiu me enganar direitinho.
Talvez por isso a leitura não tenha sido de todo negativa. Entretanto, eu já estava com tanto ranço do elenco, que eles poderiam ter descoberto a cura de tudo que aflige a Humanidade que não faria diferença.
Mas apesar de eu não ter curtido muito a trama, ainda deixo aqui a minha recomendação. Pois pode ser que seja uma experiência melhor para você do que foi comigo.
Falando sobre o livro em si, eu li em versão digital. Então posso afirmar que está bem diagramado e com uma fonte legível. A capa é bem simples, porém sombria, já deixando claro o que iremos encontrar ao longo das páginas. Mesmo assim, não é uma das mais bonitas.
Agora me conta: Já teve a experiência de ler um livro e terminar só para reclamar depois?
Texto revisado por Emerson Silva.