Joana Batista é a notícia do momento. Apelidada de Capitã Gancho pela mídia, ela é procurada em todo o Estado, acusada de agredir o marido, sequestrar a própria filha e sair munida com uma arma bem inusitada por aí.
O que levou uma mãe e esposa exemplar a surtar e sair mundo afora desse jeito? O país inteiro acompanha a história da Capitã Gancho, em busca de justiça para a pobre criança e pelo marido, que só quer a garotinha de volta.
Está aí uma releitura que eu estava ansiosa para ver. E, sendo “brazuca”, foi melhor ainda! Eu A-M-O a história de Peter Pan, apesar de achar uma das mais sombrias (rsrsrs). Além disso, sempre achei o Capitão Gancho injustiçado (me julguem!).
Ver agora o Capitão em sua glória foi sensacional. Li a obra em menos de um dia, pois simplesmente não consegui largar. A trama é narrada ora em primeira pessoa, pela visão de Joana, ora em terceira, pela visão dos noticiários e do marido.
Então temos uma ideia dos dois lados da história (se é que ajuda em alguma coisa). Enquanto a mídia praticamente massacra Joana, vendendo a moça como uma mulher cruel, desequilibrada e que não tinha motivos para largar sua casa daquele jeito, vemos uma pessoa que só quer fugir o mais rápido possível.
Sua filha, Wendy, é a vítima que os jornais vendem. Garotinha bonitinha, sequestrada pela mãe, é uma pauta quente e mais do que explorada pela mídia sensacionalista. O marido, Pedro (Peter Pan), também não fica atrás. Alegando não saber o motivo de sua mulher ter feito o que fez, acaba ganhando fama de homem inocente e pai amoroso, praticamente idolatrado como um herói nacional.
Joana, por sua vez, só quer sobreviver. Sabe que não pode parar em qualquer lugar e sua vida virou um filme de ação da noite para o dia.
“O presente era o que era. Suposições não significavam nada além de uma espécie sutil de tortura, um incessante descumprimento de promessas.”
O motivo de ela ter feito o que fez permanece um mistério, delineado a cada capítulo. A única pessoa que não a olha como vilã é a policial que investiga o caso (que faz as vezes de Sininho). E isso nos leva a algumas questões. Primeiro, o que vemos nos jornais realmente é aquilo tudo? Não estou falando de todas as notícias. Afinal, temos muitos profissionais de verdade por aí.
Mas até que ponto grandes notícias não são apenas exploradas como uma maneira de vender um furo de reportagem, sem se importar com o que realmente aconteceu? Joana passou a ser uma vilã da noite para o dia e nem se preocuparam em saber o porquê.
Isso me revoltou profundamente e só torcia para que a mocinha tivesse seu final digno. Wendy, por sua vez, é uma garotinha doce e que nutre amor de forma incondicional pela mãe.
É muito lindo ver a relação das duas, mesmo nessa situação. Apesar disso, as atitudes e a visão de Joana sobre o que aconteceu torna tudo tão ambíguo, que não a faz um personagem confiável.
Enquanto isso, Pedro se aproveita da fama de bom moço que ganha da mídia e não se faz de rogado. Mas seu lado também revela não ser confiável, conforme as investigações caminham. Quem é o grande vilão dessa história? Aliás, essa é a mesma pergunta que me faço no conto original, pois sempre vi algo estranho no Peter Pan que não queria crescer.
O Pedro da releitura é igualzinho: lindo, sedutor e sempre com uma resposta pronta, mesmo que não faça sentido, mas convence a todos. Se está mesmo falando a verdade ou não, permanece um mistério.
“Não tinha medo de falar. Tinha medo de não ser ouvida. Havia uma diferença entre ambos, e ela, assim como toda mulher, a conhecia.”
Aos poucos, percebemos que toda história tem dois lados e a verdade só pode ser conhecida quando ambos são revelados na mesma proporção. Confesso que já esperava o desfecho, mas não deixou de me surpreender, com os olhos marejados ao ler.
Além disso, esse conto é bastante atual, já que toca num assunto pesado, triste e ainda recorrente em várias famílias brasileiras. Infelizmente, não posso comentar, para evitar riscos de spoilers. Mas posso dizer que é um conto profundo, reflexivo, necessário e emocionante.
Talvez por isso, eu tenha me sentido tão próxima da Joana em diversos momentos. E, mesmo com as atitudes que tomou, não consegui julgá-la. Ela fez o que podia com o que podia. Aliás, acho que qualquer mulher gostaria de ter uma Sininho por perto, como a protagonista conseguiu.
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Foto: Hanna de Paiva | Mundinho da Hanna |
Juntas, elas deram um show de resiliência, rede de apoio e muitas alfinetadas na sociedade por várias situações, que inclusive saíram na mídia tempos atrás.
Eu amei a diagramação dessa obra. Mantendo o padrão, traz a protagonista bem fiel à descrição, com uma capa vermelha chamativa e o gancho, que não poderia faltar. Somando isso tudo, não poderia deixar de dar nota máxima para o conto, que é um dos meus favoritos dessa antologia.
Felipe
Oie, tudo bem?
Adorei a referência a Peter Pan, parece ser bem interessante, gostei da dica!
Blog Entrelinhas
Adriana Leandro
O conto parece muito interessante e com mistérios.
As vezes eu também gosto mais do Capitão Gancho do que do Peter.
Bjus!
galerafashion.com
Vanessa
Olá!
Eu li alguns livros e amo a história. Não li ainda nessa versão mas amei conhecer aqui. Com certeza já entrou para minhas próximas leituras.
Beijos.
https://www.parafraseandocomvanessa.com.br/
Leyanne
Oie, a mensagem que ele traz me atraiu bastante. Ainda não conehcia a obra. Fico feliz que tenha se destacado para você.
Bjs
Imersão Literária
Hanna Carolina Lins
Sim, foi uma leitura incrível e recomendo. ^^
Hanna Carolina Lins
Espero que curta a leitura. ^^
Hanna Carolina Lins
"Tamo junto"! então, hehe.
Hanna Carolina Lins
Que bom que gostou. ^^
Sil
Olá, Hanna.
Está ai outro clássico que não li o original. Eu lembro de um desenho que eu assistia e ficava com pena do Gancho, e sempre achei o Peter meio ruim. Fiquei bastante interessada nessa releitura e se der vou ler ela.
Prefácio
Hanna Carolina Lins
Pois é, até no desenho fica óbvio que o Gancho é a verdadeira vítima, né? Achei genial essa releitura e recomendo. =)